Estamos em um daqueles momentos raros, quando um monte de tendências começaram a cristalizar
Originalmente, percebi que ia desfiar algumas previsões sobre o próximo ano mas estamos em um daqueles momentos raros, quando um monte de tendências começaram a cristalizar – e tenho a certeza que muitas delas vão persistir por mais de 12 meses.
Estas nove tendências representam uma enorme mudança num curto espaço de tempo. As implicações para a indústria das TI são interessantes, para dizer o mínimo. Por um lado, se o software define a infraestrutura, então o hardware torna-se ainda mais comoditizado, incluindo equipamentos de rede. E se a perspectiva das aplicações, finalmente, parece estar ao alcance de se poder escrever uma vez e funcionar em qualquer dispositivo-cliente, então o dispositivo-cliente escolhido torna-se menos importante.
Entretanto, a forma como o software é entregue mudou para sempre. IBM, Oracle, SAP e outros fornecedores tradicionais estão tão profundamente enraizados em organizações que podem continuar a extrair grandes somas de clientes que querem manter essa situação. Mas o que é novo e excitante? É principalmente o “open source” ou o SaaS ou as acessíveis apps móveis. Parece- me que a indústria pode precisar ecalibrar suas expectativas de receitas, mesmo que muitas “startups” sejam compradas.
Como a empresa de TI vai lidar com a cloud e o mundo móvel em que já não tem o monopólio sobre a tecnologia de negócios continua a ser uma questão em aberto. Em muitas organizações, há uma crescente percepção de que, para se manter competitivo, é preciso desenvolver todos os tipos de aplicações Web e móveis para os clientes e ver o que funciona. Pode a TI adquirir as capacidades e tecnologias para fazer isso acontecer? Ou será que a gestão do negócio será forçada a olhar para o SaaS, empresas ágeis de programadores ou outros prestadores externos – e deixar a TI apenas para manter as luzes acesas?
Confira:
1. Cloud é o novo hardware
A afirmação pertence ao CEO da Credit Pivotal, Paul Maritz. A tese: todas as grandes mudanças da indústria têm sido impulsionadas por novas plataformas de computação, do PC para o servidor-cliente e para a Internet. Para servidores, armazenamento e equipamentos de rede se comportarem como uma grande “máquina”, onde as aplicações podem assumir uma enorme escalabilidade, toda a infraestrutura deve ser virtualizada e controlada centralmente – isto é, definida por software. Ultimamente, esta tendência vai além do SDN (“software-defined networking”) para incluir todos os sistemas no centro de dados, abrindo caminho para o HVAC (“heating, ventilation, and air conditioning”). Esquemas de controle avançados de software, pioneiros nos fornecedores de nuvem pública, vão continuar a passar para a empresa.
2. Engajamento lidera as ações
Então, quem vai tirar proveito da escalabilidade massiva na nuvem? Não para antiquados “sistemas de registo” nas empresas, como ERPs, onde o modelo de dados raramente muda e se sabe mais ou menos quantas pessoas vão usá-lo. Onde a nuvem brilha é na alimentação de “sistemas de engajamento” (“engagement”): Web virada para o cliente e aplicações móveis cujo uso pode variar por magnitudes.
Otimizar essa interação do cliente tornou-se a área mais quente da tecnologia, impulsionando o desenvolvimento de infraestrutura elástica, novas tecnologias de base de dados, bem como a recolha e análise de Big Data (principalmente fluxos da Web e outros dados de usuários). A análise de Big Data usando aplicações baseadas em Hadoop pode ser o maior avanço na tecnologia empresarial da última década. Não muito atrás estão as bases de dados NoSQL, como MongoDB, Cassandra e Couchbase, que redimensionam como loucas e permitem alterações rápidas aos modelos de dados.
3. Big Data vai estourar
O lado analítico do de Big Data continua sendo uma enorme promessa,. No curto prazo há simplesmente demasiadas soluções de Big Data em busca de problemas. No longo prazo, o potencial para Big Data vai muito além de optimizar o e-commerce para abraçar todos os tipos de setores, desde a fabricação até ao transporte e à rede elétrica.
Mas essas áreas verticais exigem que a Internet industrial (também conhecida como Internet das coisas) esteja online, onde os sensores ligados entreguem grandes quantidades de telemetria para promover melhorias no design de produtos, previsão exaca de falhas, e assim por diante. A GE e a IBM são os primeiros líderes nesta área, mas estamos apenas no início. Daqui a alguns anos, quando a Internet industrial estiver em pleno andamento, o Big Data vai ser muito, muito grande, e a sede por soluções de analíticas de Big Data será inextinguível. Entretanto, se alguma bolha estourar em 2014, a Big Data irá primeiro.
4. A integração da nuvem vai avançar
A Big Data tem uma tendência para ficar onde está, com um número cada vez maior de armazenamentos de dados na nuvem alimentando o Analytics baseado na nuvem. A adoção do modelo de cloud em geral, particularmente aplicações SaaS com lojas próprias de dados, corre o risco de repetir os maus velhos tempos da organização em silos onde, duplicados ainda que ligeiramente, diferentes registos sobre os mesmos produtos e clientes eram espalhados em armazenamentos de dados isolados (juntamente com valiosos processos que deveriam ter sido partilhados).
A resposta é dupla: a integração em nuvem e mais e melhores APIs. Abundam os “players” da integração em nuvem, incluindo a Cordys, Dell Boomi, IBM Cast Iron, Informatica, Layer 7, MuleSoft, SnapLogic e WSO2. Além disso, as APIs, aparentemente, têm agora a sua própria conferência – juntamente com novas soluções de APIs, como as oferecidas pela Apigee, que permitem às empresas publicar e manterem as suas próprias APIs públicas.
5. Identidade é a nova segurança
Um exagero mas a verdade é que a identidade deve agora esticar para englobar tanto aplicações locais e em SaaS. Gerir quem tem acesso a o quê – e desprovisionar os empregados quando eles deixam a empresa – está a tornando-se mais essencial e mais complicado. Microsoft, Okta, Salesforce e outros estão desenvolvendo soluções. Sem a gestão de identidade na nuvem, as empresas não podem adotar soluções de cloud pública com segurança e eficácia.
6. A memória é o novo armazenamento
A grande memória está explodindo em duas frentes. No lado do software, cada fornecedor de base de dados relacional está adicionando capacidades “in-memory”, principalmente para análise de dados, reduzindo drasticamente o tempo necessário para os trabalhos de grande processamento. Do lado do hardware, soluções como as da Condusiv Technologies e PernixData montam um grande e distribuída cache usando memória flash em servidores, reduzindo assim consideravelmente a percentagem de leituras e escritas que devem viajar pela SAN (“storage area network”).
7. O futuro é alimentado por JavaScript
Graças a uma infinita variedade de dispositivos móveis (mais novas TVs, carros, e muito mais), nunca vimos nada parecido com a diversidade atual do hardware-cliente. Ninguém gosta de manter uma aplicação-cliente nativa, separada, para cada plataforma. Se sonha em manter uma única base de código, a app deve ser executada em um browser – em outras palavras, deve ser uma aplicação JavaScript/HTML5.
Não é de admirar que um novo “framework” de JavaScript pareça surgir a cada semana, com peças descontroladamente inventivas como o Famo.us, empurrando o que o JavaScript pode fazer. Além disso, ambientes de desenvolvimento móvel em diferentes plataformas, como o PhoneGap, permitem uma fácil conversão de aplicações JavaScript para apps nativas.
8. Desenvolvedores empresariais voltam-se para PaaS
Até agora, os principais clientes de PaaS foram programadores de software comerciais e organizações de serviços profissionais. Mas à medida que mais empresas tenham as suas aplicações Web e móveis, os desenvolvedores corporativos vão ver os benefícios de PaaS como o Microsoft Azure, Pivotal Cloud Foundry, Red Hat OpenShift ou SalesForce Heroku. Todos oferecem ferramentas e serviços necessários para a codificação ágil, teste e implantação de aplicações na nuvem.
O pleno apoio da IBM ao Cloud Foundry este ano foi um marco importante – que pode tornar algumas empresas menos hesitantes em colocar o seu código na plataforma de outros. Além disso, a IDC previu o aumento das ofertas de PaaS específicas da indústria, que incluem serviços pré-construídos específicos para determinados setores verticais.
9. Mais poder aos programadores
Se há uma linha comum em todas estas previsões, é a declaração de Marc Andreessen há dois anos de que o software está “comendo” o mundo. Com tantas plataformas diferentes para programar – e ainda com a infraestrutura dos data centers tornando-se programável – não há simplesmente programadores suficientes para escrever todo esse código. Com a procura insaciável vêm altos salários e status, pelo menos para aqueles com a combinação certa de habilidades. Podemos descobrir formas melhores e mais eficientes para treinar pessoas nessashabilidades, por favor?
FONTE: http://cio.uol.com.br/tecnologia/2013/10/06/nove-tendencias-para-2014/
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